segunda-feira, 19 de julho de 2010

Reflexão Terráquea

Faz frio, chove, estamos no final de Julho. Desde sexta não para de chover e a vegetação não para de crescer e eu não paro de me molhar. Caminho pelo chão molhado, o barro predomina e o calçamento quase some em meio do lamaçal.
Os prédios molhados, os coloridos guarda-chuvas das senhoras transeuntes ao som molhado da chuva misturado a tudo inclusive nas minhas meias.
A cidade não para, mas perde um tanto seu tom, perde sua identidade, quando chove parece mesmo que ela foi construída no meio de uma floresta gigantesca num planeta gigantesco, meu instinto me sinaliza que devo ter atenção. Olho para o chão e vejo a grama crescendo, crescendo... O chão encharcado parece querer me tragar, meus pés são pequenos pra caminhar nesse imenso lamaçal, olho para o céu, não consigo ver todo tamanho e de onde sai tanta água e vejo o planeta de fora, vejo as nuvens e a chuva caindo na atmosfera. Volto à cidade e penso nela como invasora e pretensiosa, como pode ela querer florescer se não floresce se com a chuva ele não cresce ao contrário arruína.
A vegetação começa a devorar a cidade e cobri-la de verde, quer se reconstituir como os braços de um polvo. Cresce mato dentro do bueiro, no alto das coberturas e até no meio do asfalto. A natureza quer decorar tudo de verde com delicadas flores roxas. E a chuva se sobressai a qualquer um de nossos sons, seu som é sempre saliente e às vezes quando calmo vindo do telhado, num sábado, é adorado pelo ser da floresta, que mora em mim.