sábado, 27 de outubro de 2012

Seminário de Estudos Autonomia Indígena







Faustino é o Coin ( mais ou menos como o pagé) da aldeia Kaingang Porfir. Traços de índio, embora com alguma barba espalhada uniformemente pelo rosto, um senhor de uns 50 anos aproximadamente. Vestia camisa verde, calça social e chinelos de dedo. Quando se apresentou quase que não consegui entender o que dizia de tão baixo que falava, pensei em sugerir que "aumentasse o volume", mas quando percebi eu  estava sentada ao seu lado.

Ele nos disse que aproximadamente 150 índios vivem na aldeia, que tem bastante crianças. Sabe através dos avós, que antes do "descobrimento" do Brasil, não existiam doenças, nem dificuldade de conseguir alimentos.  Que o branco olhava para o índio e achava que era um bicho e o índio olhava para o branco e achava que era um bicho. E rindo complementa: Eles se assustavam um do outro!  E depois o índio que não queria morrer, tinha que fugir do branco e assim foi.  Hoje ele é muito feliz em poder viver em paz com o branco, de falar sua língua.  É somente após a criança aprender a falar kaingang que ela começa a aprender português, e dentro da aldeia se procura falar o kaingang para que a cultura não se perca. 


Sobre a criação do homem e a religião:

Nos falou de Deus o criador de tudo, citou a história de Adão e Eva, que eles foram feitos de barro, que Eva teria sido feito da costela de Adão, que apesar de Eva ter pegado a maçã primeiro, Adão também comeu o fruto proibido e que quem pecou foi o casal.  Ele só não sabia se foram índios ou brancos esse primeiro casal. Suponho eu que essa dúvida era muito mais nossa, afinal de contas de que cor é o barro? Uma clara contribuição cultural jesuítica que talvez, ao contar esta história, nunca tenha se questionado a respeito da cor do barro.


Cultura e conhecimentos, são passados pela oralidade, de pai pra filho, que a criança com 6 anos, já começa a ser ensinada e aos oito já pode ir "para o mato" para "campear" alguma caça, conhecer as plantas, os nomes dos pássaros. Ele citou que o pai dele o ensinava a acertar um bicho pequeno a 50 metros com arco e flecha.
Crianças são ensinadas a não brigar, mas que elas brigam e cada uma leva um puxão de orelha da sua respectiva mãe, na frente uma da outra e tem que seguir brincando sem brigas.

Valores


Não julgar sem conhecer, não matar nem machucar outra pessoa, pois partem do princípio que todos somos um, e se ferirmos o outro é a nós mesmos que ferimos e se matarmos o outro é a nós mesmo que matamos. Se não conseguimos amar qualquer outro ser é porque não amamos a nós mesmos. 

Não brigar, porque ao brigar com alguém estamos brigando com a gente mesmo.  Ouvir, pensar e depois responder.  Há perguntas difíceis de responder e que a melhor resposta sempre vem depois que dormimos um pouco e descansamos a nossa cabeça.  Tudo na vida tem o seu tempo, que temos que ter paciência.

De onde vem as doenças e os remédios


As doenças vem da falta de paciência, da ansiedade, que nos faz brigar, fazer coisas que não dão certo, e ficarmos doentes.  Os remédios, para todas as doenças estão na natureza. Quando uma pessoa está doente ela procura o "Coin" (não sei como escreve) e ele conversa com a pessoa. Depois ele dorme pelo menos uns 20 minutos para sonhar com as plantas que serão procuradas por ele no mato e virarão o remédio, feito pelo próprio "Coin".  Os sonhos são provenientes de Deus. 




Preconceito e crítica


Existe o preconceito e a crítica, mas eles não se importam e gostam dessas pessoas mesmo assim, procuram conversar mais com quem não gosta deles, para dar a oportunidade desses os conhecerem. Crianças tem problemas na escola e por causa de preconceito de outras crianças, eles levam e buscam as crianças na aula. 




Compreendi que ele não falava baixo, nós que falamos alto demais, e que os barulhos dos automóveis é que o faziam quase inaudível. Compreendi enfim a demora para sair todas as respostas e as demoradas pausas entre as frases. Nós é que falamos rápido demais sem pensar, queremos respostas rápidas que vem também sem pensar. Entendi o que é uma doença e que elas vem da impaciência, da intolerância. Que não devo ferir outra pessoa, pois é a mim mesma que firo... Entendi que não existem pessoas ruins, que existem pessoas que estão doentes e que não devem ser odiadas por isso, e nem devemos nos ofender caso nos ataquem, pois elas estão doentes... Apenas doentes! A maior lição de vida da minha vida num sábado de manhã! 













domingo, 30 de setembro de 2012

Amigos bem próximos



Sempre tive animais de estimação, um gato, um cachorro, tive vários e hoje ao me lembrar de duas amigas que brigaram por que uma falou mal do gato da outra, tive uma dimensão maior deste assunto, de como esses animais são importantes e presentes na nossa vida. Na minha sempre foram... Quando eu era pequena eu lembro que eu tinha um gato amarelo que se chamava chuchu, um dia coloquei um casaco nele e ele foi embora e nunca mais voltou. Tive uma galinha chamada pezinho, que só depois de adulta que eu soube que comi ela sem saber, que crueldade. Ao lado da minha casa tinha um homem que tinha um macaco, o nome do homem era Osvaldo, ele tinha barba, era magro, usava óculos, o nome do macaco era chico e eu tinha medo dele. O chico era um macaco pequeno e magrinho, ficava comendo banana em cima da árvore, me olhando e fazendo barulhos estranhos...
Ainda na infância tive várias cocotas que se chamavam cocotas e eram muito queridas, só que sempre alguma coisa acontecia com elas, sempre a mesma coisa no caso: gatos. Tive um cachorro que o nome dele era loni e dai eu também coloquei um casaco nele e ele foi embora...
Depois que eu cresci tive dois cachorros que se odiavam, um era idiota e o outro sério demais, dai numa noite de natal o sério matou o idiota. Depois tive o lupi, onde eu ia ele ia, mordia os carteiros, tava sempre em confusão... Agora tenho o nene um gato preto e a preta, uma cadela imensa, bobalhona e preta que são os meus companheiros atuais.
Nunca comprei um animal, sempre ganhei, nunca tive animais de raça, sempre preferi os vira-latas, são mais autênticos. O nene eu encontrei na rua ele era muito pequeno e magrinho, tava com a perninha machucada, eu trouxe pra casa, agora ele é um gordo. A preta entrou no meu pátio e nunca mais saiu, também a vaga de cachorro tava vaga, o lupi tinha morrido a três meses e ela chegou e ficou, que fique!
Meu amigo teve um cachorro que eu não gostava porque ele não parava quieto, era muito eletrico e pulava na gente e lambia, o dior um yorkshire, dai agora ele tem outro que é um querido, mas é feio o tal de chiuaua, que ainda não tem nome. Gosto do gato da minha amiga também o shiva, um gatinho branco de olho azul que é um lindo e querido,que ainda não chegou a fase adulta.
Esse é um assunto que pouco relatamos, o mundo dos nossos laços com os animais, de como é essa relação e de como é bela.

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

O amor é uma companhia - Alberto Caeiro

O amor é uma companhia.
Já não sei andar só pelos caminhos,
Porque já não posso andar só.
Um pensamento visível faz-me andar mais depressa

E ver menos, e ao mesmo tempo gostar bem de ir vendo tudo.
Mesmo a ausência dela é uma coisa que está comigo.
E eu gosto tanto dela que não sei como a desejar.
Se a não vejo, imagino-a e sou forte como as árvores altas.
Mas se a vejo tremo, não sei o que é feito do que sinto na ausência dela.
Todo eu sou qualquer força que me abandona.
Toda a realidade olha para mim como um girassol com a cara dela no meio.