domingo, 27 de fevereiro de 2011

Tricopicopata

Entre todas as coisas estou, num misto de gato, preta, portas, janelas, o cheiro do tabaco, canções... Caneca, colher, incenso e bola de cristal ... Idéias tenho-as todas, quebra-cabeças: a flutuar e flutuo também até me encaixar ... Solta, danço. Secretamente, investigo, desafiando discurso e ação, aparência e verdade, interesses e condições ... Ouço, observo, deduzo e então a prova real. A muito não me surpreendo, a muito tempo ...

sábado, 19 de fevereiro de 2011

Eu e meu gato estamos aqui, já são duas e cinquenta e dois da madrugada é sábado. Não me diga que você é um depressivo na net num sábado, não diga isso ... Sim estou aqui mas depressão foi o que vi na rua...Sai pra dar uma volta e não fui nos mesmos lugares fui num lugar chamado Rock And Roll e em dois outros com nomes bem menos sugestivos e o que vi? Tudo menos alegria. Juro! A depressão tomou conta não só das pessoas, mas também dos lugares ... Ri muito isso parece que se transformou em um estilo de vida, vi platéias depressivas e músicos depressivos também ... Relax, take it easy!!! Não é preciso fazer tipo, não é preciso de teatro, somos o que somos e nada vai mudar nem mesmo nossa atuação ... Vá com calma, mas não deixe de ir, vá! Do alto do pico alcóolico penso onde estará quem realmente me interessa? Quem me passa agora pela cabeça? Quem é você? É o único que não está a meu alcance sempre será, sempre será... Já teve muitos rostos este moço, mas este tem os olhos a brilhar, esse nem sabe pra onde está indo mas eu posso ver seus primeiros passos antes da intenção ... Virá o fracasso junto a esse brilho? Será fracaço com cedilha? Não, não conheço mas me parece bom, de bem de paz ... de onde veio do que se alimenta? Tudo bem! Sua energia me mantém em pé sem saber ...

domingo, 13 de fevereiro de 2011

Faz Domingo, Reflito.

Qual a semelhança entre uma escrivaninha e um corvo? Eu não faço a menor idéia! Responde o Chapeleiro à Alice. Esse diálogo ficou na minha cabeça assim como a parte que o Chapeleiro diz: "Alice por quê as vezes você é tão grande e as vezes tão pequena?" ou "Você perdeu sua muiteza, você não mata!"
Bom loucura ou não eu penso que as perguntas não precisam necessariamente de respostas para existirem. As vezes sou grande e as vezes sou pequena, poucas vezes fui do tamanho ideal, isso depende muito de quem vê.
Quando se é pacífico demais perde-se a essência de bixo e passa pelo mundo animal como indefeso, frágil, presa fácil aos instintos mais assassinos. Perde-se a muiteza perde-se a conexão com a identidade, devo manter em mim a dose certa de maldade. Minha muiteza está no fato de viver num mundo de feras e exercer o direito de ser fera também,lutar pela sobrevivência que será imortalizada pela minha história, pelo produto de minhas escolhas: A morte para alguns. Mas ainda que signifique isso, sou então capaz também de matar. Eu mato eu morro eu renasço.

Nada a ver mas segue um "texticulo" do Nietzsche que ele que sabe das coisas, deliciem-se!

Examinai a vida dos homens e dos povos melhores e mais fecundos, e perguntai se uma árvore que deve elevar-se altivamente nos ares pode dispensar o mau tempo e as tempestades; se a hostilidade do exterior, as resistências exteriores, todas as espécies de ódio de inveja, de teimosia, de desconfiança, de dureza, de avidez e de violência não fazem parte das circunstâncias favoráveis sem as quais nada, nem sequer a virtude, poderia crescer grandemente? O veneno que mata as naturezas fracas é um fortificante para as fortes; ... e por isso não lhe chamam veneno.

Friedrich Nietzsche, in 'A Gaia Ciência'

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Existir

Dentro do vazio procuro algo a ser dito
Ouço grilos.
Procuro ainda sentido nas coisas
Que perigo
O ódio, enquanto nunca desafiei
Apenas concordo ou discordo
Todas opiniões e crenças devem ser
Respeitadas; todos tem ...
Tudo pode ser compreendido,
O que não significa ser aceito.
Existem vinganças mais cruéis que as minhas?
Existem labirintos ... O pior inimigo,
O melhor amigo a consequência de ser ...

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Detalhes

Um momento histórico para uma jornada histórica. A presença do inevitável, a felicidade na explosão de luzes sobre passos, sobre o céu ... Um desejo materializado no horizonte. Palavras difíceis; o espaço se rasga nas queimas de seus artifícios...

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

A Mulher Selvagem

Sua beleza é arisca, arredia aos modismos. Ela encanta por um não-sei-quê indefinível… mas que também agride o olhar. É um tipo raro e não tem habitat definido: vive em Catmandu, mora no prédio ao lado ou se mudou ontem para Barroquinha. E não deixou o endereço. É ela, a mulher selvagem.

Em quase tudo ela é uma mulher comum: pega metrô lotado, aproveita as promoções, bota o lixo para fora e tem dia que desiste de sair porque se acha um trapo. Porém em tudo que faz exala um frescor de liberdade. E também dá arrepios: você tem a impressão que viu uma loba na espreita. Você se assusta, olha de novo… e quem está ali é a mulher doce e simpática, ajeitando dengosa o cabelo, quase uma menininha. Mas por um segundo você viu a loba, viu sim. É a mulher selvagem.

A sociedade tenta mas não pode domesticá-la, ela se esquiva das regras. Quando você pensa que capturou, escapole feito água entre os dedos. Quando pensa que finalmente a conhece, ela surpreende outra vez. Tem a alma livre e só se submete quando quer. Por isso escolhe seus parceiros entre os que cultuam a liberdade. E como os reconhece? Como toda loba, pelo cheiro, por isso é bom não abusar de perfumes. Seu movimento tem graça, o olhar destila uma sensualidade natural… mas, cuidado, não vá passando a mão. Ela é um bicho, não esqueça. Gosta de afago mas também arranha.

Repare que há sempre uma mecha teimosa de cabelo: é o espírito selvagem que sopra em sua alma a refrescante sensação de estar unida à Terra. É daí que vem sua força e beleza. E sua sabedoria instintiva. Sim, ela é sábia pois está em harmonia com os ritmos da Natureza. Por isso conhece a si mesma, sabe dos seus ciclos de crescimento e não sabota a própria felicidade. Como todo bicho ela respeita seu corpo mas nem sempre resiste às guloseimas. Riponga do mato, gabriela brejeira? Não necessariamente, a maioria vive na cidade. E há dias paquera aquele pretinho básico da vitrine. E adora dançar em noite de lua. Ah, então é uma bruxa… Talvez, ela não liga para rótulos. Sabe que a imensidão do ser não cabe nas definições.

Mulheres gostam de fazer mistério. Ela não, ela é o mistério. Por uma razão simples: a mulher selvagem sabe que a vida é uma coisa assombrosa e perfeita e viver é o mais sagrado dos rituais. Ela sente as estações e se movimenta com os ventos, rindo da chuva e chorando com os rios que morrem. Coleciona pedrinhas, fala com plantas e de uma hora para outra quer ficar só, não insista. Não, ela não é uma esotérica deslumbrada mas vive se deslumbrando: com as heroínas dos filmes, aquela livraria nova, um presente inesperado… Ela se apaixona, sonha acordada e tem insônia por amor. As injustiças do mundo a angustiam mas ela respira fundo e renova sua fé na humanidade. Luta todos os dias por seus sonhos, adormece em meio a perguntas sem respostas e desperta com o sussurro das manhãs em seu ouvido, mais um dia perfeito para celebrar o imenso mistério de estar vivo.

Ela equilibra em si cultura e natureza, movendo-se bela e poética entre os dois extremos da humana condição. Ela é rara, sim, mas não é uma aberração, um desvio evolutivo. Pelo contrário: ela é a mais arquetípica e genuína expressão da feminilidade, a eterna celebração do sagrado feminino. Ela está aí nas ruas, todos os dias. A mulher selvagem ainda sobrevive em todas as mulheres mas a maioria tem medo e a mantém enjaulada. Ela é o que todas as mulheres são, sempre foram, mas a grande maioria esqueceu.

Felizmente algumas lembraram. Foram incompreendidas, sim, mas lamberam suas feridas e encontraram o caminho de volta à sua própria natureza. Esta crônica é uma homenagem a ela, a mulher selvagem, o tipo que fascina os homens que não têm medo do feminino. Eles ficam um pouco nervosos, é verdade, quando de repente se vêem frente a frente com um espécime desses. Por isso é que às vezes sobem correndo na primeira árvore. Mas é normal. Depois eles descem, se aproximam desconfiados, trocam os cheiros e aí… Bem, aí a Natureza sabe o que faz.

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Ricardo Kelmer – blogdokelmer.wordpress.com ( Simplesmente demais )

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Woman Sapiens

Ela pensa vai, volta pensa, para, segue, entra sai e vai e vem entra seco sai molhado e de ladinho dá também... Parece letra de funk o hits mais pobretão que já ouvi. Sr Milionário e inexistente leitor por favor não se ofenda se curtir o pancadão, ser pobre não é vergonha pra ninguém mas tome cuidado isso pode lhe trazer sequelas. Nunca escute funk perto dos seus filhos, é falta de educação... Mas seguindo, essa moça de quem vos falo agora, a mesma que acaba de engolir seu ultimo gole da ultima cerveja, essa moça que tem preocupações em seguir firme num propósito levando a sério suas ideologias, essa moça que traga com força o cigarro ingrato que lhe derruba cinza nos teclados, essa moça, essa moça ... Ela não sonhou com a sua avó na noite passada e hoje só sabe ao certo que vai dormir, sim ela está cansada. Ela ve tudo sabe, entende, PERCEBE, tudo, mas nada lhe adianta, ela está presa nesse corpo nada adianta o conhecimento ela é humana.

Nossa, que Bagunça!

Esta semana decidi limpar a casa, organizar tudo e manter assim, sempre que tirar uma coisa do lugar organizar novamente não deixando acumular tarefas.
Cinco dias já se passaram e o que sinto é uma auto-crítica muito forte, me maldizendo por ser tão desorganizada e ao mesmo tempo uma auto-resposta gritando: Mas que importância tem isso? Penso que casa é questão de gosto. Eu não me importo com as coisas desorganizadas sei onde cada uma está não preciso ser um motor contínuo de ações para garantir que eu não me perca em meio das coisas. Gosto da minha casa do jeito que é claro que concordo; arrumada é mais bonita e talvez seja pela beleza, por toda arte depositada nela estou mantendo assim, mas é pela arte, minha arte, minha bandeira e meu símbolo da paz.

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Impressões

Dedos, que tocam os teclados, compridos e cúmplices só lhes dizem o que eu lhes digo e seguem acentuando cada sílaba tônica como se fossem Mônica.
Minhas estensões, onde sinto e transmito, onde curo e afago, onde apedrejo e amparo; Onde acendo o incenso e o cigarro.
Minhas espalmadas mãos, meus dedos aleatórios, tão pouco adornados de anéis e unhas compridas.
Esses que relatam abraços, que registram as intempéries, as cores de todo meu pensamento;
O que precisa descer pelo meu coração, girar pelo umbigo e sair pela extremidade das minhas mãos;
O que viaja pelo corpo, as vezes me custa a passar pela garganta até enfim sairem, por entre essas minhas impressões digitais.

Haikais

Nada a fazer de fato,
me pego a observar
o gato.

Na janela o gato espera,
sutilmente o tempo passar...