RESUMO
Este
trabalho tem como objetivo falar sobre consumismo e as necessidades humanas
dentro do contexto cultural de mundo globalizado em que vivemos e o quanto isso
promete e ao mesmo tempo influencia negativamente para felicidade ou satisfação
pessoal das pessoas.
Palavras chave – CONSUMISMO – GLOBALIZAÇÃO
– CULTURA – INDIVIDUALISMO
O
ser humano tem necessidades, do corpo, necessidades sociais, necessidade de
reconhecimento, necessidade de auto realização e também tem necessidades
espirituais. As necessidades que se supridas deixam os humanos mais satisfeitos
são as necessidades sociais que é a necessidade de pertencer a um grupo, ter
relações de afeto com outros humanos, a necessidade de ser reconhecido neste
grupo, a necessidade da experiência mística que proporcione um sentido para a
vida, uma filosofia da alma que o oriente.
A
necessidade dos humanos vem sempre sendo as mesmas, e muitos humanos tem
consciência disso, pois são feitos muitos estudos a respeito do comportamento
humano e sobre as necessidades vitais para a satisfação e o bem-estar do
humano. Já se sabe por exemplo através
de pesquisas que os humanos mais consumistas, são mais ansiosos, inseguros,
infelizes... Começo falando em humanos e sigo falando em consumismo, porque
hoje, nós humanos vivemos uma “sociedade do consumo”, onde todas aquelas
necessidades que falei no início são usadas para nos vender alguma coisa que
promete ser uma ponte para nos unir as nossas necessidades e acabar com os
nossos problemas. Se o humano precisa estar em paz, contemplar a natureza, há
propagandas de tevê com belas paisagens e pessoas em posição contemplativa. Se
o pobre humano é solitário, anônimo, de difícil convívio social e baixa auto-estima,
para ele tem as redes sociais, os sites de relacionamento, onde ele pode ser o
que quiser. Ou quem sabe se ele possuir
aquele celular que mostra na propaganda um cara super-descolado, no meio de uma
festa com muitos amigos recebendo mandando torpedo para as gatinhas, quem sabe
as coisas não mudam. As propagandas são os sonhos dos humanos revelados.
Toda
essa propaganda diz respeito ao sistema financeiro capitalista, que visa o lucro, onde parte dos agentes são multimilionários
de todo o mundo, e moldam as necessidades das pessoas que mal informadas, são
basicamente estimuladas para o consumo, vivendo dentro de uma caverna, como já
descrevia Platão, através das necessidades do ”mercado” (que é muito
influenciado pelos multimilionários e seu comportamento depende dos interesses,
lucros e das perdas destes multimilionários.
Este
sistema vem se aperfeiçoando tanto que já existem debates se seria mesmo um
sistema capitalista, já que é muito mais agressivo e lida com quantias muito
mais altas, tão altas que podemos pensar em milhões, triliões, mansões, iates,
helicópteros, aviões, e todos os símbolos distintivos que só dinheiro poderia
proporcionar, como fama (pertencer a um grupo), como poder (ser reconhecido no
grupo) e status (a auto realização).
A
busca desenfreada por lucros vem alterando o comportamento das pessoas fazendo
com que estas também se transformem em produtos, que sejam sempre compráveis,
mantendo-se com uma aparência desejável , interessante para este mercado. Como
diz Zygmunt Bauman:
“Na sociedade de consumidores ninguém pode
se tornar sujeito sem primeiro virar mercadoria, e ninguém pode manter segura
sua subjetividade, sem reanimar, ressuscitar e recarregar de maneira perpétua
as capacidades esperadas e exigidas de uma mercadoria vendável. “ Pág. 22
E
em meio disso vivemos ainda procurando suprir as nossas necessidades que são
tão simples e não necessitam de nenhuma tecnologia para serem supridas, mas
quem nos explica isso? Os filósofos há muito tempo dizem que procuramos a
felicidade nos lugares errados. A
tecnologia é boa, mas está sendo usada, vendida e pensada de uma forma que não
supre realmente as necessidades do humano, só parecem suprir
temporariamente. Mas como disse as
nossas necessidades são simples e simplicidade não gera lucro, não tem vendas,
não tem produtos, não tem sistema capitalista, não tem “mercado”. E o sucesso desse modelo se dá pelo
convencimento das pessoas através dos meios de comunicação, através de pessoas
muito ricas, que são admiradas, idolatradas, saem do anonimato e suas roupas
são imitadas, sua trajetória, são “exemplos” de humano vencedor, o que todo o
humano deve querer ser. Mas que talvez nunca chegue a ser, pois muitas vezes a
riqueza vem de forma obscura e pouco conhecida, aquele que vê pensa que o outro
ficou rico porque trabalhou muito para isso, por “mérito”, quando na verdade
aquela pessoa utilizou e utiliza de outros meios fora do âmbito legal para
obter sua riqueza. Isso é outra questão
que ao invés de fazer o humano feliz só o deprime, pois por mais que trabalhe,
que estude nunca vai ter tanto dinheiro quanto um milionário que aparece na
revista Forbes. As redes sociais também são perigosas para a satisfação humana,
pois passasse a fazer parte de um mundo virtual, um não local, onde se pode ser
o que quiser, comprar o que puder, porém sempre chega a hora que temos que
mostrar a cara e decepcionar-se ou causar decepção, ou mais perigoso ainda
quando se passa acreditar naquele mundo e viver numa fantasia se anulando do
convívio social que vai suprir realmente suas necessidades, com relações de
afeto de verdade, ser aceito no grupo de verdade, ter satisfação. A rede social é vendida como meio de
aproximar as pessoas, mas muitas vezes acaba por afastar, diluir as relações pessoais
no espaço cibernético. As ideias individualistas também fazem parte deste
mundo, que baseado em pesquisas de comportamento prega que casais que moram
separados são mais felizes, porque pessoas sozinhas consomem mais, este é só um
exemplo. Também temos a banalização do
sexo e a mulher pode ser tida como objeto a venda e muitas passam a vida
tentando agradar o “mercado”, mudando seu jeito de ser, seu corpo e gastando
com muitos produtos milagrosos que prometem sucesso nas vitrines.
De
tanto se transformar para atender as necessidades do “mercado” para se
produzir, inventar negócios, vender e ganhar mais, acaba se criando uma nova
cultura como diz no livro de Gilles
Lipovetsky e Jean Serroy, A cultura mundo:
“A cultura passa a ser “um setor econômico em
plena expansão”, com excesso de oferta de bens mercantis e simbólicos que vão
dos livros à moda, das inovações tecnológicas ao design, da música à gastronomia.
”
E
a cultura do mundo se transforma numa cultura globalizada, sem fronteiras e seu
objetivo não é outro senão uma sociedade universal de consumidores. Não planeja suprir as necessidades das
pessoas, apenas apontar mais necessidades para as pessoas como forma de
preencher o vazio existencial e é de interesse que continue vazio, para que
prossiga o sistema. As pessoas estão
desorientadas com os valores mudando rapidamente, quem não se atualiza está
fora do grupo, quem não está na rede social não existe, quem está fora da moda
pode ser tratado com indiferença e arrogância por um grupo. O dinheiro, uma
profissão de sucesso, o bom carro, a boa casa, a mulher e o luxo são objetos,
símbolos distintivos, assim como celulares, marcas de roupas, estilo, moda. E o
que as grandes corporações e os que realmente ganham com o capitalismo esperam
das pessoas é que continuem acreditando neste sistema.
Esse
sistema trabalha para que essa cultura se reproduza cada vez mais e que gere
mais lucros. Nem que para isso seja
preciso buscar mão de obra escrava de crianças em outros países, nem que
precise destruir o meio ambiente, nem que precise que muitos morram envenenados
por produtos químicos a cada ano que passa. Nem que para isso tenham que drogar
toda a sociedade convencendo-a que a felicidade agora é vendida em
pílulas. Precisamos ser mais específicos
com o que realmente nos faz falta, pois as vezes são coisas que não estão a
venda. Antes de ir as compras deveríamos pensar nisso.
BIBLIOGRAFIA
CATTANI, Antônio
David. Desmistificação da Riqueza, 2014.
LIPOVETSKY,
Gilles e SERROY, Jean. A cultura mundo: Resposta a uma sociedade desorientada, 2008.
ZYGMUNT, Bauman.
Vida para consumo,2007.
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