domingo, 19 de junho de 2011

Nenhum amor é em vão

Chico Buarque explica:

"Esse amor adiado esse amor que fica pra sempre, essa ideia do amor que existe como algo que pode ser aproveitado mais tarde, que não se desperdiça, que passa o tempo, passam-se milênios e aquele amor vai ficar até debaixo d`água e vai ser usado por outras pessoas. O amor que não foi utilizado porque não foi correspondido então ele fica ímpar, pairando ali esperando que alguém apanhe e que alguém complete a sua função de amor ... "


Futuros Amantes

Não se afobe, não
Que nada é pra já
O amor não tem pressa
Ele pode esperar em silêncio
Num fundo de armário
Na posta-restante
Milênios, milênios
No ar
E quem sabe, então
O Rio será
Alguma cidade submersa
Os escafandristas virão
Explorar sua casa
Seu quarto, suas coisas
Sua alma, desvãos
Sábios em vão
Tentarão decifrar
O eco de antigas palavras
Fragmentos de cartas, poemas
Mentiras, retratos
Vestígios de estranha civilização
Não se afobe, não
Que nada é pra já
Amores serão sempre amáveis
Futuros amantes, quiçá
Se amarão sem saber
Com o amor que eu um dia
Deixei pra você

Nenhum comentário:

Postar um comentário